O rio de ferro líquido corre a cerca de 3 mil quilômetros de profundidade.
Foto: Esa.
Publicado originalmente no site G1/Ciência e Saúde, em
23/12/2016.
O misterioso rio de ferro líquido descoberto no centro da
Terra.
Cientistas dizem que corrente a 3 mil km de profundidade
pode ajudar a explicar funcionamento do campo magnético de nosso planeta.
Por Jonathan Amos, BBC.
Cientistas dizem ter descoberto um rio de ferro líquido no
centro da Terra, correndo debaixo do Estado americano do Alasca e da região
russa da Sibéria.
Essa massa ambulante de metal foi detectada graças aos
satélites europeus Swarm - um trio que está mapeando o campo magnético da Terra
para entender seu funcionamento. O campo protege toda a vida do planeta contra
a radiação espacial.
Para os cientistas, a existência do rio de ferro líquido é a
melhor explicação para uma concentração de forças no campo magnético terrestre
que os satélites registraram no Hemisfério Norte.
"É uma corrente de ferro líquido que se move cerca de
50 km por ano", explica Chris Finlay, da Universidade Técnica da
Dinamarca.
“É um líquido metálico muito denso e é preciso uma
quantidade enorme de energia para movê-lo. É provavelmente o movimento mais
rápido que temos no manto terrestre" disse ele à BBC.
Finlay explica que a corrente de metal líquido é como o jet
stream na atmosfera da Terra - a corrente de ar em altas altitudes usada por
aviões para voar mais rápido. O rio de metal porém, está a 3 mil metros de
profundidade.
Os cientistas acreditam que o rio tenha 420 km de largura e
percorra quase metade da circunferência da Terra. O comportamento dessa massa
metálica será crítico para a geração e manutenção do campo magnético terrestre.
"É possível que a corrente tenha funcionado por
centenas de milhões de anos", diz Phil Livermore, da Universidade de
Leeds, no Reino Unido, e um dos autores do estudo detalhando a descoberta,
publicado na revista científica Nature Geoscience.
Rainer Hollerbach, outro cientistas envolvido no projeto,
acredita que o líquido se move graças à força da flutuabilidade ou por conta de
mudanças no campo magnético do núcleo terrestre.
Lançados em novembro de 2013 pela Agência Espacial Europeia
(ESA), o satélites Swarm estão fornecendo acesso sem precedentes à estrutura e
ao comportamento do campo magnético terrestre.
Com instrumentos altamente sensíveis, os satélites estão
gradualmente analisando os vários componentes do campo, do sinal dominante
vindo do movimento do ferro no núcleo externo à quase imperceptível
contribuição feita pelas correntes oceânicas.
Os cientistas esperam que os dados do satélite ajudem a
explicar a razão pela qual o campo magnético da Terra tem enfraquecido nos
últimos séculos. Alguns cientistas especulam que o planeta pode estar próximo
de um inversão de polaridade, em que o sul se tornará norte e o norte se
tornará sul.
Isso ocorre a cada centenas de milhares de anos.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com
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