ESO/M. Kornmesser
Publicado originalmente no site G1, em 06 de novembro de 2018
Objeto interestelar pode ter sido enviado à Terra por
alienígenas, dizem pesquisadores de Harvard
Os cientistas levantaram a hipótese de que a rota do
‘Oumuamua’, descoberto no ano passado no Havaí, pode ter sido direcionada, e
não aleatória. O objeto é o primeiro do tipo a entrar no nosso sistema solar.
Por Lara Pinheiro, G1
Dois cientistas do Centro de Astrofísica de Harvard
acreditam que o ‘Oumuamua’, objeto interestelar descoberto no ano passado no
Havaí, pode ter sido enviado à Terra por alienígenas. Eles levantaram a
hipótese em artigo publicado na quinta-feira (1), quando tentavam explicar a aceleração
do objeto.
Os astrofísicos admitiram a possibilidade de que a rota do
Oumuamua tenha sido direcionada, e não aleatória. “Pode ser uma sonda
totalmente operacional enviada intencionalmente para as proximidades da Terra
por uma civilização alienígena”, dizem.
A possibilidade da sonda direcionada por extraterrestres
explica uma discrepância na frequência com que o objeto é visto, explica Renato
Vicente, físico e vice-presidente do Instituto Principia, em São Paulo.
“O fato de a gente ter visto o objeto significa que a
produção deles é muito mais frequente do que a gente achava que era. Ao longo
do período de tempo que estamos observando, que é curto, a produção deveria
ser, no mínimo, 100 vezes maior para conseguirmos ver um. Isso pode significar três
coisas: a primeira é que a teoria de produção deles que nós usamos, baseada no
nosso sistema solar, está errada. A segunda é que demos muita sorte de ver um.
A terceira possibilidade é que é um objeto artificial, produzido por
alienígenas, o que é compatível”, diz.
Vicente faz, no entanto, algumas ressalvas. “A explicação do
objeto artificial parece fácil, mas não é. Envolve uma história anterior. Para
ter uma civilização capaz disso, é preciso assumir que existe essa evolução
numa sociedade, com a capacidade de fazer viagens interestelares. E a gente
tenta assumir a menor quantidade de coisas possível”, lembra.
Na pesquisa, os astrofísicos de Harvard discutiram a
possibilidade de que a pressão da radiação solar poderia estar por trás da
aceleração do Oumuamua. Se esse for o caso, então o objeto “representa uma nova
classe de material interestelar fino, ou produzido naturalmente, ou de origem
artificial”, afirmam Abraham Loeb e Shmuel Bialy, autores do estudo.
Segundo eles, o Oumuamua tem um formato de panqueca.
“Considerando uma origem artificial, uma possibilidade é de
que o ‘Oumuamua’ seja uma vela solar, flutuando no espaço interestelar como
detrito de um equipamento tecnológico avançado", explicam os
pesquisadores.
A tecnologia de vela solar pode ser utilizada para
transporte de cargas entre planetas ou entre estrelas, conforme afirmam os
cientistas. No primeiro caso, lançamentos dinâmicos vindos de um sistema
planetário poderiam resultar em detritos de equipamentos que não estão mais em
operação. Isso, dizem os pesquisadores, poderia explicar várias anomalias do
‘Oumuamua’, como a geometria pouco comum.
"Velas solares com dimensões parecidas já foram
construídas pela nossa civilização, incluindo o projeto Ikaros [no Japão], e a
Iniciativa Starshot”, lembram.
A vela solar é o que faria o objeto continuar acelerando em
sua trajetória mesmo depois de passar pelo Sol, explica Renato Vicente.
“O objeto vem de fora do Sistema Solar. É como se fosse
passar direto pelo Sol, mas o efeito gravitacional faz com que faça uma
trajetória em volta do Sol. Conforme se aproxima do Sol, ele dá uma acelerada
conforme perde massa no sentido oposto. O problema é que, quando está indo
embora dessa trajetória, começa a perder massa no mesmo sentido, então você
espera que ele desacelere. Em vez disso, acelera. A gente não conhece nenhum
mecanismo natural que faça isso. Um mecanismo artificial é a vela”, diz.
Segundo a CNN, vários telescópios focaram no objeto por três
noites para determinar o que ele era antes que se perdesse de vista.
“Nós tivemos muita sorte de que o nosso telescópio de
levantamento do céu estava olhando para o lugar certo na hora certa para capturar
esse momento histórico”, afirmou o oficial da Nasa Lindley Johnson no ano
passado.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com
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