quarta-feira, 13 de julho de 2022

Primeiras imagens coloridas do telescópio espacial Webb

Legenda da foto: OBSERVATÓRIO Ilustração do telescópio James Webb: equipamento está a 1,5 milhão de km da Terra (Crédito da foto: Handout /NASA/AFP)

Publicado originalmente no site da revista ISTOÉ, em 12 de julho de 2022

James Webb, o telescópio criado para enxergar o nascimento do universo

Por Marcos Strecker

As primeiras imagens divulgadas pelo telescópio James Webb a partir da segunda-feira, 11, aliviaram a enorme expectativa dos especialistas e despertaram a curiosidade do público, mas ainda são apenas uma piscadela no potencial que essa máquina tem de ampliar a imagem que a humanidade tem do universo.

Pelas escalas superdimensionadas, enxergar mais longe significa olhar para o passado, é bom lembrar. Quando você olha para o sol, a luz da nossa estrela mais próxima levou oito minutos para chegar aqui. Quando o James Webb enxerga as galáxias mais distantes, a luz delas levou 13,5 bilhões de anos para chegar até a Terra. É possível que essas formações nem existam mais. O James Webb não mostra o cosmo como é atualmente, mas como era no nascimento do universo. Será capaz de revelar galáxias formadas poucas centenas de milhões de anos após o big bang, há cerca de 14 bilhões de anos.

Diferentemente dos telescópios caseiros ou mesmo do Hubble, o telescópio espacial que redefiniu a forma como enxergamos o universo nos últimos 30 anos, o James Webb (que fica estacionado num ponto do espaço a 1,5 milhão de quilômetros de distância da Terra) não “enxerga” no espectro visível da luz. Para ver a uma distância tão grande, está programado para registrar ondas infravermelhas, que não são aquelas que o olho humano enxerga. Isso em nada muda a qualidade das informações nem altera a percepção que teremos dos astros.

As pinturas rupestres mostravam como os primeiros humanos viam a realidade há 30 mil anos. Hoje, as imagens digitais suplantaram o desenho, a pintura e mesmo as fotografias químicas. Mas os rabiscos primitivos feitos nas cavernas pelos primeiros homens expressam a curiosidade humana e a realidade da mesma forma, com complexidade, sutileza e riqueza. A representação “artificial” do James Webb, como uma foto preto e branco colorizada artificialmente, tem a mesma legitimidade e importância.

Do ponto de vista científico, será possível compreender como se deu a explosão inicial e como o nascedouro de estrelas permitiu, depois, o nascimento da vida. É um feito tecnológico extraordinário que expande a compreensão que temos do universo. Por coincidência, na Terra, no mesmo momento, o maior acelerador de partículas já construído entrará em atividade (agora reformado e mais poderoso), o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), instalado no CERN (European Organization for Nuclear Research), na Suíça.

Os físicos acreditam que o novo LHC vai permitir quebrar de vez o modelo-padrão das partículas, a descrição da matéria e das forças que a sustentam e que explicaria todo o mundo físico. É esse modelo que predomina atualmente, juntamente com a teoria da relatividade, formulada por Einstein no início do século XX. Isso pode mudar, mostram descobertas feitas nos últimos anos. É surpreendente. A evolução tecnológica está permitindo ampliar as fronteiras do conhecimento de forma inédita, e mesmo assim nunca o homem pareceu tão involuído, exatamente como já antecipava a ficção científica no século XIX.

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Legenda da foto: Imagem colorida feita pelo telescópio espacial James Webb, da Nasa

Publicado originalmente no site da revista ISTOÉ, em 13 de julho de 2022  

Nasa revela primeiras imagens coloridas do telescópio espacial Webb

(Reuters) – Após uma prévia presidencial de uma imagem repleta de galáxias das profundezas do cosmos, funcionários da Nasa se reuniram na terça-feira para revelar mais de sua exibição inicial do Telescópio Espacial James Webb, o maior e mais poderoso observatório orbital já lançado.

O primeiro lote de fotografias coloridas e de alta resolução, que levou semanas para serem renderizadas a partir de dados brutos do telescópio, foi selecionado pela Nasa para fornecer imagens iniciais convincentes das principais áreas de investigação do Webb e uma prévia das missões científicas futuras.

Espera-se que o telescópio infravermelho de 9 bilhões de dólares, construído para a Nasa pela gigante aeroespacial Northrop Grumman Corp , revolucione a astronomia ao permitir que os cientistas perscrutem mais longe do que antes e com maior clareza o Cosmos, o alvorecer do universo conhecido.

Uma parceria entre a Nasa, a Agência Espacial Europeia e a Agência Espacial Canadense, o Webb foi lançado no dia de Natal de 2021 e chegou ao seu destino em órbita solar, a quase 1 milhão de quilômetros da Terra, um mês depois.

Uma vez lá, o telescópio passou por um processo de meses para desdobrar todos os seus componentes, incluindo um escudo solar do tamanho de uma quadra de tênis, alinhar seus espelhos e calibrar seus instrumentos.

Com o Webb agora bem ajustado e totalmente focado, os astrônomos embarcarão em uma lista minuciosamente selecionada de projetos científicos que exploram a evolução das galáxias, os ciclos de vida das estrelas, as atmosferas de exoplanetas distantes e as luas do nosso sistema solar externo.

Vida Brilhante

A variedade de fotos era um segredo bem guardado até sexta-feira, quando a agência espacial postou uma lista de cinco objetos celestes escolhidos para sua grande revelação desta terça-feira, no Goddard Space Flight Center, da Nasa, em Maryland.

Aplausos e gritos de uma animada “equipe de torcida” James Webb deram as boas-vindas a cerca de 300 cientistas, engenheiros de telescópios, políticos e altos funcionários da Nasa e seus parceiros internacionais em um auditório lotado e animado antes dos discursos de abertura.

“Eu não sabia que estava vindo para um comício hoje”, disse o administrador da Nasa, James Nelson, do palco, entusiasmando que “cada imagem de Webb é uma descoberta”.

O presidente dos EUA, Joe Biden, havia divulgado uma primeira imagem em um próprio briefing na Casa Branca na segunda-feira — uma imagem de um aglomerado de galáxias apelidado de SMACS 0723, revelando a visão mais detalhada do universo primitivo já registrada até hoje.

Textos e imagens reproduzidos do site: istoe.com.br

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